sábado, 15 de maio de 2010

1) - O Terapeuta Resgatando a Possibilidade Amorosa

Definir o amor é uma tarefa difícil, por isso nem tentarei. Vamos falar sobre o comportamento neurótico. Montarei o texto abaixo seguindo a visão de um terapeuta.
No contexto terapêutico, as dificuldades relativas à vivência do amor estão frequentemente presentes, seja no modo como o cliente estabelece a relação com o terapeuta, seja no conteúdo das verbalizações, das queixas, da história de vida, das fantasias, dos sonhos, e até na postura corporal.
Apesar de se caracterizar como uma das maiores buscas do ser humano, o relacionamento amoroso parece ser, paradoxalmente, um de seus maiores temores.
Para amar em sua plenitude, você deve estar em estado de amor. Deve compreender que antes de amar outra pessoa, você precisa amar a si mesmo, isso não implica em ser egoísta, amar a si mesmo não significa pensar só em você. Você deve ter a capacidade de auto-satisfação de suas necessidades emocionais, como aceitação, valorização, proteção e confirmação, o que minimiza as necessidades e os desejos em relação ao outro.
Torna-se inconcebível a manifestação do estado amoroso num indivíduo dependente do outro, emocionalmente imaturo, ou bloqueado seriamente em seu processo de crescimento. Contudo, esse mesmo indivíduo será capaz de estabelecer relações de natureza simbiótica e não amorosa pois, em geral, transforma o outro em "objeto" de satisfação de suas necessidades emocionais básicas. Não faça isso, não coloque esse peso e responsabilidade sobre o outro. Você deve conseguir ser feliz independente do outro.
O estado de amor determina a maneira como nos relacionamos com a vida em geral, desde o cuidado com uma planta, com um animal de estimação, até a gentileza e o respeito por um estranho. Torna-se inconcebível um indivíduo em estado de amor conseguir apenas manifestar atitudes amorosas em relação aos próximos e agir com indiferença, desprezo ou desrespeito em suas relações mais distantes e superficiais.
O estado de ser amoroso envolve um sentimento de bem querer à vida e aos outros seres humanos. Obviamente, as relações diferenciam-se, dependendo do nível de envolvimento, da profundidade e da identificação entre os indivíduos. O amor não é algo que fazemos, mas algo que somos, ele não é fazer, é um estado de ser.
A pessoa amorosa não somente vê os traços e características essenciais da pessoa amada, como também vê o que está em potencial nela, o que não se concretizou ainda, mas que, contudo, deveria ser concretizado. Ao tornar a pessoa amada consciente do que pode ser, a pessoa amorosa faz com que essas potencialidades se concretizem.
Para ser capaz de amar, é necessário que a pessoa saiba também aproximar-se e afastar-se de outros com fluidez. O indivíduo que tem dificuldade de se aproximar, não discrimina suas necessidades e fica impedido de concentrar-se, de estar presente, realizar-se aqui e agora, e fazer bom contato com outros.
Nas próximas seis postagens eu falarei um pouco sobre seis distúrbios relacionados a dificuldades para o amor (Introjeção, Projeção, Confluência, Retroflexão, Proflexão e Deflexão). E logo depois, irei postar as camadas da neurose e o resgate do potencial amoroso.
Bibliografia
: Para os que querem mais informações sobre o assunto, recomendo o livro Amor na Relação Terapêutica - Uma Visão Gestáltica escrito por Beatriz Helena Paranhos Cardella.

Um comentário:

Patrícia Cabral disse...

Muito bom este post, e se for analisado é a mais pura verdade, uma pessoa só está apta a amar outra quando ama a si mesmo e em hipotse alguma o amor pode estar relacionado com sentimento de posse.
Aguardo as próximas postagens! ;-)