quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Trecho do Livro Marley & Eu


... E enquanto envelhecia e adoecia, ensinou-me a manter o otimismo diante da adversidade. Principalmente, ele me ensinou sobre a amizade e o altruísmo e, acima de tudo, sobre lealdade incondicional”. Era um conceito interessante que só então, após a morte dele, eu compreendia inteiramente. Marley como mentor. Como professor e exemplo. Seria possível para um cachorro — qualquer cachorro, mas principalmente um absolutamente incontrolável e maluco como o nosso — pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente importava na vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. E realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não ...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Assistir sem entender

É triste ver que algumas pessoas não tem a paciência necessária e nem querem tentam entender a mensagem que alguns filmes querem passar e fazem críticas nem um pouco construtivas e sem argumentos.
Infelizmente muitas pessoas não entendem nem mesmo mensagens que uma animação pode conter, isso levando em conta que as animações tem como seu publico alvo crianças. :)
Não estou falando apenas de filmes com mensagens políticas, ou filmes que tentem nos mostrar o quanto é importante cuidarmos do nosso planeta. Não estou falando apenas dos filmes que tem uma história que claramente critica um sistema político ou algo parecido. Estou falando também dos filmes mais simples de se entender. Já escutei pessoas dizendo que não entenderam o final ou até mesmo a história completa de filmes simples como "Matrix". E isso não se limita apenas à filmes de ficção científica, também já ouvi uma pessoa dizendo que não entendeu o final do filme "Antes que termine o dia".
Não acho que todos deveriam entender tudo. Eu mesmo não entendo tudo. Mas é muito chato assistir um bom filme ao lado de pessoas que não estão entendendo nada, e no final do filme, quando você ainda esta empolgado para discutir sobre o filme, você percebe que as pessoas não gostaram tanto do filme. Simplesmente por não terem entendido direito. kkkkkkk Ou por terem parâmetros um pouco diferentes dos seus para classificar um bom filme. Talvez escolham um bom filme somente vendo se o filme tem ou não cenas de ação, ou sexo, mesmo que não tenha conteúdo.
Como diria meu amigo Alexsandro Bravo. - "Fabricio, você que é chato !" kkkkkkkkkk

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O amor começa como uma atração, vira paixão e as afinidades aparecem.

O amor começa com uma atração que pode duras horas, dias ou semanas. A seguir vem a paixão, que dura, em média, de 3 a 12 meses, até que a afinidade apareça. Quando o deslumbramento causado pelo coquetel de hormônios diminui de intensidade, depois de mais ou menos um ano, e vemos o outro - ou outra - à luz do dia, alguns detalhes que pareciam encantadoras podem passar a ser irritantes. Antes, ela achava engraçado ele não conseguir encontrar as chaves, mas agora ela tem vontade de gritar. Ele adorava ouvir tudo que ela dizia, mas agora ele chega a pensar em apertar o pescoço dela. E cada um se pergunta: "Eu posso viver assim para o resto da minha vida ? O que nós temos em comum ?"
Encontrar a "cara-metade" significa ver o que os dois têm em comum a longo prazo e fazer isso antes de a cegueira natural causada pelos hormônios operar. Quando a paixão acabar - e vai acabar -, vai ser possível um relacionamento baseado em companheirismo e interesses comuns ? Serão capazes de construir uma feliz cumplicidade ? Pense bem e, se for o caso, faça uma lista dos valores que lhe agradam a longo prazo e vai saber exatamente o que procura. Serão valores semelhantes aos que encontra nos amigos com quem tem tanto prazer de conviver e em quem confia. O homem que chega a uma festa e vai procurar a mulher "ideal" com base na testosterona - belas pernas, sem barriga, bundinha arrebitada, seios empinados e assim por diante. A mulher irá procurar um homem sensível e carinhoso, com uma silhueta em V e personalidade forte. Todas essas são necessidades biológicas que funcionam a curto prazo e não garantem o sucesso em um relacionamento nos dias atuais. Se você se conscientizar de tudo isso, vai ter mais objetividade na próxima vez em que a natureza tentar assumir o controle.
A natureza quer o máximo de preocupação e, para isso, lança mão de drogas poderosas. Quem sabe disso e tem uma descrição do que procura para um relacionamento longo corre menos risco de se enganar na difícil busca do par perfeito com quem, finalmente, espera ser feliz para sempre.

Texto retirado do livro "Por que os homens fazem sexo e as mulheres amor ?"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Alguns Pensamentos

  • Algumas atitudes erradas podem dificultar muito o seu sucesso pessoal e profissional.
  • Procure sempre colocar-se no lugar das outras pessoas; imagine o que as outras pessoas sentem;
  • Faça tudo com atenção aos detalhes. Preste atenção em tudo o que faz, no detalhe do detalhe;
  • Termine o que começou e não deixe as coisas pela metade;
  • Apareça com soluções, e não com mais problemas, quando tem uma tarefa a cumprir;
  • Pergunte o que não sabe e demonstre vontade de aprender. Va fundo até dominar o que não sabe e deveria saber;
  • Cumpra prazos e horários;
  • Não viva dando desculpas por seus atos e nem procure culpados pelos erros cometidos;
  • Não viva reclamando da vida e falando mal das pessoas. Modifique a realidade. Crie oportunidades;
  • Não desista facilmente. Não descanse enquanto não resolver um problema. Va atrás da solução;
  • Esteja sempre pronto a colaborar com as outras pessoas. Participe. De idéias.

  • Pessoas sábias falam de idéias.
  • Pessoas comuns falam de coisas.
  • Pessoas medíocres falam da vida de outras pessoas.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Livros ! Leitura ! Conhecimento !

Este mês eu me dei vários livros de presente. Gostei muito do primeiro livro, o suficiente para postar sobre ele aqui. E pretendo postar sobre os outros também.
O primeiro livro é "O carrasco do amor e outras historias sobre psicoterapia (Irvin D. Yalom)"

Ele fala sobre o sentido da vida. Por que o sexo é tão importante ? O que a morte representa para nós ? De que forma lidamos com a dor ? Como amar e ser amado plenamente ? Essas são perguntas que, em algum momento, nós fazemos. Uma mulher de 70 anos apaixonada por seu terapeuta. Um doente em estágio terminal obcecado por sexo. Uma jovem obesa que não consegue manter nenhum tipo de contato com outras pessoas. Estes são alguns dos dez casos relatados no livro.
São historias que impressionam pela sinceridade e pela coragem com que estes pacientes se dispõem a enfrentar seus problemas. O primeiro passo para se alcançar o equilíbrio emocional é aceitar que cada um seja responsável por sua condição.
Um livro indispensável para quem quer conhecer como funcionam o processo terapêutico e a fascinante mente humana.
Mas "O carrasco do amor" é muito mais do que um livro sobre a terapia e seus benefícios. É um relato tocante sobre a capacidade que cada um possui de se superar, de encontrar o amor (por si mesmo e pelos outros), um significado para a vida e a vontade de seguir sempre adiante, mesmo sabendo dos percalços do caminho.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Inteligência (QI) e Inteligência Emocional na Carreira Profissional


Os parametros do mercado de trabalho estão mudando. Estamos sendo avaliados por novos critérios. Já não importa apenas o quanto somos inteligêntes, nem a nossa formação ou o nosso grau de especialização, mas também a maneira como lidamos com nós mesmos e com os outros. Este é o critério de avaliação que, cada vez mais, vem sendo utilizado para se decidir quem será contratado ou quem não será, quem será dispensado ou mantido na empresa, quem ficará para trás e quem será promovido.
Os novos parâmetros prevêem quem tem maior probabilidade de se tornar um profissional de primeira grandeza e quem está mais propenso a sair dos trilhos.
E, seja qual for o campo em que estejamos trabalhando no momento, estes conceitos servem como medida das características cruciais que determinam o nosso valor no mercado, para obtermos futuros empregos.
São parâmetros que pouco têm a ver com o que era considerado importante na escola. Em vez disso, focalizam-se em qualidades pessoais, como iniciativa e empatia, capacidade de adaptação e de persuasão.
O profissional completo, tem o conhecimento acadêmico e a inteligência emocional.
E isso não é uma novidade passageira, nem a mais recente panacéia em gerenciamento. Há dados que apontam para a necessidade de se levar o assunto a sério, baseados em estudos sobre dezenas de milhares de pessoas que trabalham em todos os tipos de atividades. Com precisão sem precedentes, as pesquisas indicam quais as qualidades inerentes ao profissional de primeira grandeza. Além disso, identificam as habilidades humanas que constituem a maior parte dos ingredientes da excelência no trabalho, muito particularmente nos cargos de chefia.
Se você trabalha numa grande companhia, neste exato momento está, provavelmente, sendo avaliado no que diz respeito a essas habilidades, mesmo que desconheça o fato. Se você está se candidatando a um emprego, o mais provável é que seja examinado de acordo com essa ótica e critérios, mesmo que aqui também não se diga isso explicitamente. Qualquer que seja o seu trabalho, cultivar essas habilidades pode ser essencial para o sucesso da sua carreira.
Se você faz parte de uma equipe de gerenciamento, precisa considerar se a sua comanhia promove esse tipo de competência ou a desestimula. Quando mais a sua empresa preocupar-se em alimentar tal competência, mais se tornará eficiente e produtiva. E assim você irá otimizar a inteligência coletiva do seu grupo e a interação sin~etica do melhor do talento de cada membro.
Já se você trabalha numa pequena empresa, ou por conta própria, sua capacidade de atingir o máximo de desempenho depende em grande medida de dispor dessas habilidades, embora, muito provavelmente, elas nunca tenham sido ensinadas a você na escola. Apesar disso, dominá-las pode determinar, em algum grau, o êxito que você irá alcançar em sua carreira.
Numa época em que não há garantias de estabilidade no emprego, e quando o próprio conceito de emprego vem sendo rapidamente substituído pelo de habilidades portáteis, aquelas que a pessoa pode utilizar em diferentes contextos profissionais, trata-se de qualidades fundamentais para obtermos emprego. Por muitas décadas, falou-se vagamente sobre essas habilidades, que eram chamadas de temperamento e personalidade ou habilidades interpessoais (habilidades ligadas ao relacionamento entre as pessoas, como a empatia, liderança, otimismo, capacidade de trabalhar em equipe, de negociação, etc.), ou ainda pode ser chamada de competência. Atualmente, há um compreensão mais precisa desse talento humano, que ganhou um novo nome, Inteligência Emocional.

Faça os testes abaixo para saber o seu nível de QI e Inteligência Emocional (QE):


Bibliografia: Para saber mais sobre a inteligência emocional em sua carreira eu recomendo o livro "Trabalhando com a Inteligência Emocional" de Daniel Goleman, e para saber mais sobre a Inteligência Emocional em sua vida pessoal, eu recomendo o livro "Inteligência Emocional", do mesmo autor.

domingo, 30 de maio de 2010

Sucesso ? Fracasso ?




Qual a diferença entre os bem sucedidos e os mal sucedidos ?

A principal diferença é a preguiçosa, acomodação ou desinteresse.

Todos querem um emprego melhor, com um salário melhor. Claro que existe uma dose de sorte e network. Mas em geral, a diferença entre os bem sucedidos e os mal sucedidos é a gerência de sua vida. Os mal sucedidos só querem, só pretendem, só sonham. Mas não correm atrás, não se preparam e quando a oportunidade aparece, não estão prontos. E os bem sucedidos aproveitam o tempo que tem para se preparar e aproveitar as oportunidades que eles mesmo vão criar. Um bom exemplo é a oportunidade que a internet nos trás. Para muitos, a internet existe apenas para Orkut e MSN, mas ela é na verdade a maior centralização de conhecimento da humanidade. Antes apenas pessoas com dinheiro para comprar boas revistas, jornais e livros tinha acesso a conhecimentos gerais e específicos com qualidade e agilidade. Hoje com a internet o acesso a informação é muito mais democrática e instantânea. Seja em sua vida pessoal ou profissional, a inteligência está na capacidade em criar, reconhecer e aproveitar oportunidades, desenvolver soluções e resolver problemas.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Você tem Maturidade Emocional ?

Seus relacionamentos refletem sua maturidade emocional.

Em qualquer relacionamento seu, mesmo o mais trivial deles, sempre estarão refletidos seus valores e suas crenças e você estará expressando sua Inteligência Emocional. Você simplesmente não consegue deixar de expressar sua maturidade emocional e sua inteligência emocional.

A maturidade emocional mostra a habilidade que você tem em conhecer e monitorar suas emoções, acessar e compreender o estado emocional das outras pessoas e a capacidade de influenciar o comportamento e decisões destas pessoas.

Quantos anos você tem emocionalmente ?

Você está crescendo ou ficando mais velho ?

Compare seu comportamento habitual nos temas abaixo. Se você se encaixa mais nas respostas imaturas você deve buscar recursos que te ajudem a melhorar e desenvolver sua maturidade emocional. Psicaterapia é uma ferramenta que pode ajudar você a desenvolver mais suas competências emocionais.

1) AMOR

Imaturidade Emocional: Amor é uma necessidade. Exige atenção mas evita qualquer sinal de fraqueza. Tem dificuldade de mostrar e aceitar amor.

Maturidade Emocional: Amor é compartilhar. Promove um senso de segurança, onde permite mostrar a vulnerabilidade e compartilhar afeto. Sabe expressar amor e aceitá-lo.

2) EMOÇÔES

Imaturidade Emocional: Não lida bem com críticas e frustrações, tem ciúmes, é vingativo, humor inconstante e teme mudanças.

Maturidade Emocional: Suas emoções são fonte de energia. Quando se sente frustrado, busca uma solução.

3) REALIDADE

Imaturidade Emocional: Evita problemas no relacionamento que exigem integridade.

Maturidade Emocional: Confronta e analisa os problemas de imediato e escolhe a melhor solução possível.

4) FEEDBACK

Imaturidade Emocional: Não aprende pela experiência. Boas ou más, são consequências do azar, sorte ou fatalidades. Muito pouca responsabilidade pessoal.

Maturidade Emocional: Vida é um eterno aprendizado. Aceita responsabilidade e aprende com os erros. Busca oportunidades e segue em frente.

5) ESTRESSE

Imaturidade Emocional: Evita realidade, é pessimista, raivoso, ataca os outros quando se sente frustrado. Frequentemente muito ansioso.

Maturidade Emocional: É tranquilo e aauto confiante. Acredita que consegue o que quer.

6) RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

Imaturidade Emocional: É dependente, facilmente influenciável, indeciso. Não se sente responsável pelos seus atos ou deficiências. Super sensível a críticas mas insensível ao sentimentos dos outros.

Maturidade Emocional: É independente, mas sabe trabalhar bem em grupo quando precisa. É cooperativo, empático e sensível as necessidades do outro.

Adultos emocionalmente imaturos não tem nada haver com ser criança ou adolescente. A maturidade emocional é adquirida quando começamos a prestar mais atenção ao que sentimos e a desenvolver mais nossas competências emocionais. Aprender a nos conhecer e a reconhecer o que nos tira do sério, ou o que desperta em nós medos, pânico e desespero, nos dá a possibilidade de ter o controle da nossa vida em nossas mãos novamente.

terça-feira, 18 de maio de 2010

9) - O Amor Terapêutico (Final)


"... a minha arte é 'tocar' as pessoas. Tocar pela palavra, gesto, afeto, expressão, olhar, movimentos, etc., nos seus pontos sensíveis, adormecidos, cristalizados, encantados. Eu consigo 'tocar' quando fui ou estou sendo 'tocado' por essa mesma pessoa".

{Abel Guedes - Psicoterapeuta}


Esta é a minha ultima postagem desta série de nove postagens sobre o resgate da possibilidade amorosa. Não será a ultima postagem sobre psicologia já que eu gosto muito desde assunto, apenas a ultima postagem desta série de postagens.

Nesta postagem vamos fazer uma reflexão sobre a manifestação amorosa do terapeuta pelo cliente, a que é denominada "amor terapêutico".

Nesse tipo de relação o amor pode acontecer, e se manifesta com características diferenciadas. Diferente do amor por si mesmo, amor fraterno, amor materno, amor erótico e amor romântico ou paixão.

As atitudes amorosas do terapeuta facilitam o desenvolvimento do potencial de amor do cliente; obviamente devem ser a base para o trabalho psicoterapêutico, que envolve conhecimentos teóricos, filosóficos e técnicos, e sem os quais a relação terapêutica seria descaracterizada.

O amor no sentido de um estado e modo de ser, "acontece" no encontro com os clientes. É óbvio que os terapêutas não se sentem amorosos em todas as sessões, e nem em todos os momentos, pois como ser humano não é sempre que esta plenamente disponível, equilibrado, ou mesmo, integrado inteiramente. Porém, o fenômeno do amor deve ocorrer para que a relação tenha realmente natureza terapêutica.

Não quero dizer com isso que, para um psicoterapeuta, basta estar em estado de amor para realizar um bom trabalho. Os requisitos profissionais são essenciais para poder auxiliar o outro que nos procura; mas se o terapeuta é incapaz de manifestar-se amorosamente em relação a seus clientes, questiono sua capacidade de "vê-los".

A relação terapêutica possui conhecidas características que a diferenciam das demais relações humanas, extensamente estudadas nas teorias da prática psicoterápica. O amor terapêutico é mais um dos aspectos que distinguem essa forma de encontro de tantas outras.

O amor terapêutico pode se manifestar não só na relação psicoterapeuta-cliente; um médico, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo, um terapeuta ocupacional também podem manifestar-se amorosos na relação com seus pacientes; certamente, suas atitudes amorosas facilitarão o processo de cura, de recuperação ou de reabilitação dos mesmos, uma vez que a saúde é muito mais do que a ausência de doenças, mas um estado de integração do indivíduo.

É através do estado de ser amoroso que o terapeuta cria condições para que o cliente possa ouvir, ver compreender, aceitar e amar a si mesmo. O amor só pode ser recebido pelo cliente se ele próprio estiver en estado amoroso; o amor do terapeuta cria a oportunidade para que o potencial de amor do cliente possa ser ativado por ele mesmo.

O amor terapêutico manifesta-se através de um estado e um modo de ser caracterizados pela integração e diferenciação da personalidade que permite ao terapeuta aceitar e encontrar o cliente como um ser único, diferenciado, e semelhante na sua condição de humano. O amor terapêutico envolve a ausência de necessidades do terapeuta em relação ao cliente, ou seja, este não pode "funcionar" como o objeto de satisfação das necessidades do terapeuta como aceitação, valorização, confirmação e amor. O terapeuta em estado de amor é capaz de se auto-sustentar na relação com o cliente.

Coloca-se a serviço dele e se dispões a funcionar como instrumento para seu crescimento pessoal. A atitude terapêutica envolve entrega, despojamento e a capacidade do terapeuta de colocar o próprio mundo, sua história, seus sentimentos e conhecimentos, suas emoções e experiências e até os próprios sofrimentos entre parênteses, a menos que seja a serviços do cliente.

O amor terapêutico é incondicional, o que não significa que não existam regras, limites, normas e condições para que a relação terapêutica aconteça. Essa relação pressupõe um contrato profissional entre cliente e terapeuta, com papéis definidos e fixos, mas isso não impede o estabelecimento de um vínculo afetivo e amoroso, que permita o acontecimento do encontro entre dois seres humanos.

O amor terapêutico envolve a aceitação e a confirmação do cliente tal como ele é, o que significa validar as necessidades, os desejos, os sentimentos, as crenças, os valores, os conflitos, as dificuldades, enfim, a existência do outro. A confirmação inclui a possibilidade de discordar do cliente, negar satisfações e até "frustar" manipulações e jogos de controle; confirmar e amar incondicionalmente implica também o estabelecimento de limites entre si mesmo e o cliente, e na capacidade do terapeuta de colocar-se como um ser humano merecedor de respeito.

No início da terapia, a possibilidade de se estabelecer uma relação terapêutica acontece pela capacidade do terapeuta de amar fraternalmente, pois o cliente é a princípio um ser desconhecido e o vínculo afetivo ainda não foi criado.

O amor é "terapêutico" por natureza. Um indivíduo em estado de amor, seja fraterno, materno, erótico, romântico ou terapêutico favorece o crescimento das pessoas com as quais se relaciona, pois as coloca diante delas mesmas, ainda que se utilizem de mecanismos que dificultem o próprio crescimento.

As atitudes amorosas do terapeuta favorecem o contato do cliente com o "desamor" próprio, uma vez que através da relação terapêutica ele poderá perceber que, apesar de ser aceito, valorizado, respeitado e amado, ainda assim ele rejeita, desvaloriza, desrespeita e deixa de amar a si mesmo.

O cliente que não ama a si mesmo envolve-se em relações não amorosas, pois nesse caso relacionar-se com o outro amoroso significa perceber-se e depar-se com as próprias dificuldades. O indivíduo amoroso não estabelece jogos manipulativos, nem cristaliza-se no desempenho de papéis rígidos, ou absorve projeções advindas do parceiro. Relacionar-se com uma pessoas verdadeiramente amorosa é como estar diante de um espelho e ver refletida a própria imagem, seja ela bela ou defeituosa. E este é um dos aspectos essenciais da relação terapêutica: o terapeuta amoroso confirma as necessidades do cliente e o eceita tal como é, mas sem contracontrolar ou manipular, sem seduzir sem deixar-se seduzir, sem incorporar projeções ou buscar onipotentemente satisfazer o cliente e "salvá-lo" das próprias dificuldades. Ele se oferece como instrumento para que o cliente experimente com segurança todo sofrimento auto-imposto, e a partir da constatação profunda de seus modos de existir, possa confirmar-se e compreender-se para ser capaz de amar a si mesmo.

O terapêuta amoroso não só funciona como "espelho" dos aspectos conflitantes ou destrutivos do cliente. Obviamente, reflete suas capacidades e potencialidades, como também com a própria beleza, seus aspectos construtivos, belos e únicos, sua singularidade. O cliente que não se vê, não deixa apenas de deparar-se com os medos e as dificuldades, como também com a própria beleza, seus aspectos positivos e criativos, suas capacidades e habilidades, enfim, com a própria individualidade.

A atitude amorosa do terapeuta permite que o cliente passe a questionar o "mito do amor condicional", ou seja, as crenças, os valores e as atitudes, nos relacionamentos afetivos, baseadas na crença maior de que o amor só pode ser vivido sob certas condições.

Possibilita também que o cliente experimente um nova maneira de relacionar-se, na qual a aceitação, o respeito, a consideração, os limites, a responsabilidade, o compartilhar e o amor estão presentes.

Assim, ao oferecer um clima de segurança, o terapeuta possibilita ao cliente experimentar a vulnerabilidade, as necessidades, os sentimentos próprios e também, o amor. O cliente pode ser aceito, respeitado, valorizado e amado e, progressivamente, recuperar a aceitação de si mesmo, desemvolvendo sua capacidade para amar.

Através da relação terapêutica, o cliente pode encontrar novas alternativas para relacionar-se amorosamente e "descobrir" que é possível:


- Duas pessoas relacionarem-se amorosamente, apesar de serem diferentes.

- Respeitar e preservar a própria individualidade na construção e no crescimento de um relacionamento.

- Duas pessoas confiarem uma na outra e manterem o respeito mutuo.

- Entregar-se, sem que isso signifique submissão ao outro, e sim a possibilidade de encontrá-lo.

- Ser livre e envolver-se com profundidade.

- Falhar, cometer enganos, e ainda assim, ser amado.

- Ser o que se é, sendo acieto e valorizado.

- Receber amor e nao ser cobrado.

- Ser amado e não ter quje corresponder às expectativas do outro.

- Amar e ser amado sem sofrimento.

- Expressar-se e nao sentir-se enfraquecido ou inferiorizado.

- Sentir-se digno de ser amado.

- Amar a si mesmo e ao outro.

- Descobrir e aprender sempre algo novo no relacionamento.

- Separar-se, diferenciar-se e continuar amando e sendo amado.


Na relação terapêutica, o cliente pode também se permitir expressar com espontaneidade sentimentos como carinho, gratidão, respeito e amor pelo terapeuta. Não me refiro aqui aos mecanismos tranferenciais, ou ao "amor" tranferencial, certamente presente em qualquer relação terapêutica. Independentemente dos processos de transferência, existem momentos ao longo do processo terapêutico em que o cliente pode genuinamente experimentar o amor por si mesmo, e compartilhá-lo com o terapeuta. É claro que isso não ocorre com todos.

Os momentos nos quais um cliente começa a experimentar o amor por si mesmo nem sempre são alegres e agradáveis. O amor por si mesmo pode acontecer até em situações em que o cliente se permite sentir e expressar suas dores mais profundas, com aceitação e espontaneidade.

O terapeuta deve saber discriminar as ocorrências tranferenciais das manifestações amorosas do cliente, compartilhando-as e confirmando-as. Há momentos raros e belos de encontro entre terapeuta e cliente. Podem ocorrer durante ou no final do processo terapêutico, e significam que o processo de restauração do cliente esta em andamento.

Na relação terapêutica o encontro pode ocorrer quando o cliente e terapeuta se manifestam amorosos, é entao que o amor ocorre entre os dois. Não há um amor "doado" ou "recebido", mas sim, um amor compartilhado.

Assim termina a minha série de nove postagens sobre este assunto.


Bibliografia:
Mais uma vez, recomendo para os que querem se aprofundar no assunto o livro "O Amor na Relação Terapêutica - Uma visão gestáltica" de Beatriz Helena Paranhos Cardella.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

8) - As Camadas da Neurose e a Atualização do Potencial Amoroso

O indivíduo com distúrbios de contato e dificuldades para o amor precisa desenvolver seu potencial amoroso, o indivíduo necessita romper a evitação e confrontar os medos subjacentes que a mantêm, cristalizando comportamentos e atitudes que não favorecem o livre fluxo do crescimento individual e relacional.
Baseando-se na teoria de Fritz Perls sobre as camadas da neurose, vamos refletir sobre o papel do medo, no bloqueio da capacidade para o amor. Obviamente, as "camadas" são referencias meramente teóricas que facilitam a compreensão, pelo terapeuta, do processo do cliente. Aponto, a seguir, algumas características desse processo, e suas possíveis correlações com a atualização de sua capacidade amorosa do cliente.
Perls descreveu cinco camadas da neurose que impedem o contato do indivíduo com a própria autenticidade: postiça, fóbica, impasse, implosiva e explosiva.
É importante enfatizar que o processo de retomada do crescimento faz com que a pessoa possa transitar pelas diversas camadas, sem que haja, necessariamente, uma sequencia de fluxo, ou seja, o indivíduo pode experimentar seus medos, voltar a desempenhar papéis, manifestar-se autenticamente, e "retornar" à primeira camada.

  1. A primeira camada da neurose é denominada camada postiça. As pessoas que permanecem nessa camada utilizam-se constantemente de papéis, de jogos de controle, para tentar ser o que não são. Comportam-se "como se" fossem: vítimas, controladas, seguras, fortes, injustiçadas, inteligentes, altruístas, etc. São atitudes baseadas num conceito, numa imagem ou fantasia, que fazem de si mesmas. Não vivem autenticamente e cristalizam-se nesses papéis diante do outro, sem revelar nem a elas próprias quem são. O indivíduo que permanece nessa camada estabelece, com frequencia, o jogo do dominador-dominado, interna e externamente. Através dos jogos de controle, evita confrontar os próprios medos e angústias, responsabilizando os outros por suas dificuldades. Manipula as pessoas para que se comportem de maneira complementar, de modo a reforçar a evitação e não ter que se deparar consigo mesmo. O reconhecimento da falsidade desses jogos leva ao desprazer, dor, sofrimento, angústia, desespero, e é justamente a relutância em aceitar essas sensações e sentimentos desagradáveis que serve de passagem à camada seguinte.
  2. A segunda camada da neurose é denominada fóbica. Esse modo de ser envolve o contato com os medos que mantêm os comportamentos postiços. A atitude fóbica é ter medo de ser o que somos na realidade. Quando o indivíduo torna-se cônscio de seus papéis e manipulações, passa a entrar em contato com os próprios medos. Nos relacionamentos afetivos, em geral esses medos se caracterizam como medo da solidão, da rejeição ou de abandono, além do medo da perda do controle (se entregar). A grande maioria dos clientes tem fantasias "catastróficas" de que se forem o que são, se disserem o que pensam ou sentem, serão repudiados, agredidos, violados, ou abandonados. O momento em que o cliente se depara com os próprios medos é geralmente vivenciado com muito sofrimento e angústia, já que está "despido" das formas de proteção obsoletas usadas até então. Nesse momento, para que o cliente possa vivenciar os medos e a dor e manifestar as fantasias de "destruição", ele precisa contar com o amparo inicial do terapeuta, que o acolhe, mas sem "poupá-lo". Esses medos mantêm a atitude de distanciamento da parte do cliente em relação a outras pessoas, já que ele necessita dos mecanismos de autoproteção que se manifestam através de papéis e jogos. Dessa forma, os medos não são resolvidos, apenas camuflados. Assim, as necessidades de proteção e segurança permanecem sempre prioritárias na hierarquia de necessidades da pessoa, o que impede que ela estabeleça relacionamentos de entrega plena.
  3. A terceira camada da neurose é o impasse, e ocorre quando o indivíduo não está pronto ou disposto a usar os próprios recursos para estabelecer um contato ou uma fuga genuínos. Na camada do impasse o cliente toma consciência do que não é. Isso gera um sentimento de não se estar vivo de que não se é nada. O impasse é o estar encalhado, paralisado nem exteriorizando, nem não exteriorizando. Se o cliente tomar consciência do impasse, o impasse desmoronará e ficaremos livres dele. Quando o indivíduo libertar-se do impasse, depara-se com a sensação ou o medo da "morte".
  4. Essa experiência caracteriza a quarta camada, a chamada implosiva, onde as energias necessárias à vida estão bloqueadas e investidas inutilmente. Nessa camada o cliente vive uma espécie de paralisia catatônica, o cliente se contrai, se comprime, se implode. A implosão ocorre pelo receio da explosão. No entanto o contato com esse medo pode ser o início da explosão. A mínima exteriorização, um leve tremor ja é o começo da dissolução da camada implosiva. Só a "morte" da falsa auto-imagem fabricada, fundada em medos, em dor e desespero possibilita o amadurecimento, a atualização da individualidade, um verdadeiro renascimento, que se dá através da explosão. Na quarta camada, a implosão torna-se explosão. Na camada explosiva, as energiasque não foram utilizadas anteriormente são liberadas atrav~es da alegria, da dor, da cólera, ou orgasmo. Perls considera um indivíduo completo aquele que é capaz de explodir dessas quatro maneiras. Talvez, ao ser capaz de liberar alegria, dor, cólera e orgasmo, ele possa vivenciar o amor, estando pronto para ver a si e o outro, encontrar-se com o diferente, entregar-se à vida e às relações de maneira plena e intensa.

Em minha próxima postagem falarei sobre o amor terapêutico, que é a principal ferramenta do psicoterapeuta.

7) - Deflexão - Distúrbios de Contato

A deflexão é uma maneira de evitar um encontro verdadeiro com a outra pessoa. Os deflexores recusam-se a envolver-se com outros de modo inteiro e pessoal. Frequentemente desviam o assunto, abstraem, evitam a intimidade. Através da deflexão, os indivíduos evitam o contato por intermédio de abstrações, do humor, de discursos prolixos ou filosóficos, do relato das experiências de terceiros, ou mesmo esquivando-se do contato visual e até físico.
Relacionar-se amorosamente com a pessoa que deflete é difícil, pois ela recusa um envolvimento mais profundo. Em geral, ela não vivência com intensidade suas experiências e evita a responsabilidade pelos próprios sentimentos. Além disso, o deflexor tem dificuldade para focalizar e se concentrar na própria experiência, desviando-se do contato com o meio. No relacionamento afetivo, o parceiro do deflexor pode sentir-se solitário por não ser visto e nem ouvido, uma vez que a dificuldade de concentração do deflexor impede-o de compartilhar inteiramente as experiência a dois.

6) - Proflexão - Distúrbios de Contato

A característica básica deste mecanismo é a da pessoa que só faz aos outros o que quer que lhe façam.
Há dois tipos de proflexão: a ativa e a passiva. Em ambos os casos, o proflexor assume uma atividade servil em relação ao outro, na tentativa de manipulá-lo.
O proflexor ativo realiza uma "pesquisa" apurada das necessidades e desejos da outra pessoa, e procura realizá-los, mas espera que ela também faça o mesmo em relação a si.
O proflexor passivo submete-se ao outro frequentemente, assumindo uma atitude de "aceitação" e tentando sempre corresponder às expectativas alheias, para que seu "amor" e "dedicação" sejam apreciados e reconhecidos. Assim, espera o "retorno" daquilo que oferece, manipulando o parceiro para que se sinta grato, culpado ou devedor. Se o parceiro não perceber, poderá desencadear um sentimento de culpa e manter uma relação insatisfatória, ficando "paralisado" pela culpa e pela sensação de dívida permanente.
O mecanismo da proflexão envolve expectativas não explícitas e desejos não expressos na relação. É um mecanismo de evitação frequentemente observado na atitude de muitos indivíduos que manifestam dificuldades para amar. Apesar de argumentarem que buscam satisfazer o parceiro em nome do "amor", os proflexores "cobram" implicitamente um reconhecimento de tudo o que fazem. Assim, são incapazes de amar incondicionalmente, pois manipulam o outro para que os satisfaçam. É típico daquele que proflexiona uma atitude de "barganha" em seus relacionamentos. Ele oferece constantemente mas espera o "pagamento" por seus "sacrifícios", sua "boa vontade" e "resignação". Dessa forma, torna-se incapaz de se entregar sem intenções preconcebidas, assumindo o papel cristalizado de servidor incansável, para tentar se transformar no parceiro ideal, mas sempre aguardando resultados. Se o outro não desempenhar como é esperado, o proflexor fica ressentido, e sente-se explorado e injustiçado. Normalmente o proflexor verbaliza: "Sempre dou mais do que recebo". Coloca-se numa falsa atitude de altruísmo e bondade, mas tudo o que ele realiza visa a própria satisfação.
Muitas vezes, o proflexor associa amor a desempenho, ou seja, não se sente amado e nem digno de ser amado pelo que é, e por isso precisa agradar para sentir-se merecedor de seu amor.
Lembre-se, a relação amorosa envolve o respeito pelas necessidades da outra pessoa, e muitas vezes, uma certa capacidade de resignação, mas sempre consonante ao respeito a si mesmo.

5) - Retroflexão - Distúrbios de Contato

No relacionamento afetivo, o retroflexor frequentemente controle seus próprios impulsos, sentimentos e, em geral, não expressa emoções e não permite que o outro o conheça como é. Dirige os impulsos e sentimentos para si mesmo, controlando-se e culpando-se ou não admitindo-se vulnerável às atitudes, necessidades, sentimentos, enfim, ao ser do outro. Quem retroflexiona permanece retraído na fronteira de contato de forma cristalizada. Pode apresentar dificuldades em dizer não, pois já o disse a si mesmo. Exige de si a perfeição de atitudes, cobrando-se incessantemente pelo que faz ou deixa de fazer. Não dá ao outro a oportunidade de conhecer seus desejos, expectativas e sentimentos. Responsabiliza-se demasiadamente, ou pelo bom relacionamento, ou pelas dificuldades comuns. Na realidade, muitas vezes não confirma as atitudes e os sentimentos próprios e do outro, pois tudo está voltado para si. O retroflexor pode, por exemplo, verbalizar: "Tenho raiva de mim mesmo", ou "Preciso me controlar", tratando a si mesmo como se fosse duas pessoas diferentes, e também não considera a existência do outro.
Não é raro que o parceiro de um indivíduo que retroflexiona frequentemente sinta-se incapaz de alcançá-lo, atingi-lo ou provocar nele algum tipo de reação. Normalmente, o retroflexor cria uma imagem "inatingível", "invulnerável" ou "intocável", além de justificar as próprias atitudes através de racionalizações. Assim, estabelece distância do outro, que fica impedido de "tocá-lo".
A pessoa que retroflexiona em demasia torna-se "inimiga" de si mesma e bastante solitária. Cobra-se, exige-se, culpa-se, persegue-se, em vez de aceitar-se como é. Além disso, ela vivencia as alegrias, os sonhos, as fantasias e os desejos intensamente mas evita compartilhá-los com os outros. Pela dificuldade de se perceber, ela não ama a si mesma mas "persegue-se", impedindo-se amar, de se integrar e se sentir amada.

4) - Confluência - Distúrbios de Contato

No relacionamento afetivo pode-se observar a atuação desse mecanismo, quando um ou ambos os parceiros exigem as semelhanças e não toleram as diferenças entre eles. O nós prevalece em detrimento do eu e do você. A relação apresenta características simbióticas e de dependência mútua. Para a pessoa que conflui, o afastamento do outro é normalmente sentido como ameaça. As diferenças que poderiam se manifestar no pensamento, nas atitudes, nos comportamentos e sentimentos são "boicotadas" ou camufladas nas relações. Quem conflui exige que o parceiro só se sinta feliz ao seu lado, que não necessite de muito contato com outras pessoas e que o inclua em suas atividades.
Por não se dar conta das próprias necessidades, emoções e sentimentos, a pessoa confluente mistura-se com o outro, e não é capaz de identificar as diferenças. Dessa maneira, ela não cresce e não permite que o parceiro cresça. Quando há confluência recíproca na relação a união pode ser duradoura, mas no momento em que um dos parceiros retornar ao curso do crescimento pessoal, o relacionamento poderá se romper. O casal confluente é muitas vezes confundido com um casal unido e amoroso, porém, na realidade, os parceiros não estabelecem um vínculo de amor, e sim de dependência recíproca.

Lembre-se, o amor envolve um relacionamento entre seres maduros e diferenciados que não estejam misturados ou "colados" um no outro.

3) - Projeção - Distúrbios de Contato

As projeções revelam-se muitas vezes nas expectativas em relação ao parceiro num relacionamento afetivo, de que ele possa dar sentido à nossa vida, trazendo a felicidade, a alegria, a plenitude e o êxtase. Essas expectativas projetadas implicam exigências inconscientes de que outro satisfaça todas as nossas necessidades. O indivíduo que projeta constantemente, em geral exige que o parceiro esteja disponível, feliz e satisfeito em sua companhia. Utiliza mecanismos de idealização, passando a considerar o outro ora herói, um Deus, um salvador, ora um destruidor, um egoísta, dependendo do conteúdo erótico ou hostil que é projetado.
A frequente utilização desse mecanismo acarreta, ao longo do tempo, frustrações frequentes para aquele que projeta, e uma grande "sobrecarga" para aquele que recebe as projeções. Essas projeções atuam como exigências de perfeição no outro, que passa a não se sentir aceito tal como é. A utilização frequente de projeções impede o indivíduo de amar, pois ele rejeita partes de si mesmo e não vê o outro em sua singularidade.

Lembre-se, a capacidade de amar está intimamente relacionada à integração da própria personalidade, pois é a única maneira possível de encontrar um outro distinto de nós mesmos que não seja "utilizado" para satisfazer nossas necessidades e desejos, e nem responsabilizado por nossas frustrações.

sábado, 15 de maio de 2010

2) - Introjeção - Distúrbios de Contato

A introjeção envolve a incorporação de atitudes não diferidas de modo de agir e que são incorporados à personalidade. E esses conteúdos são assimilados, ao ponto de parecerem pertencer ao indivíduo, tal sua identificação com eles. Através das introjeções é erguida uma barreira entre o indivíduo e o mundo, impossibilitando o encontro verdadeiro e o amor.


Algumas das maneiras pelas quais alguns dos conteúdos introjetados do amor apresenta-se através de verbalizações:

- "Não posso me enganar, o amor vai acabar um dia."

- "Quanto maior o amor, maior o sofrimento."

- "Só devo expressar o amor que sinto quando tiver a certeza de que ele(a) me ama."

- "Não sou difno de amor."

- "Quem ama torna-se dependente do outro."


Inúmeras outras crenças introjetadas do amor poderiam ser identificadas. De qualquer modo, esses exemplos permitem ressaltar que as crenças revelam, na sua maioria, concepções negativas do amor que são transmitidas culturalmente e através dos modelos de relacionamento amoroso. Essas crenças funcionam como barreiras entre as pessoas, dificultando a autêntica vivência de seus relacionamentos. Através das introjeções, os indivíduos permanecem retraídos na fronteira de contato, já que este é experimentado com muita ansiedade. O amor é concebido como verdadeira ameaça.

1) - O Terapeuta Resgatando a Possibilidade Amorosa

Definir o amor é uma tarefa difícil, por isso nem tentarei. Vamos falar sobre o comportamento neurótico. Montarei o texto abaixo seguindo a visão de um terapeuta.
No contexto terapêutico, as dificuldades relativas à vivência do amor estão frequentemente presentes, seja no modo como o cliente estabelece a relação com o terapeuta, seja no conteúdo das verbalizações, das queixas, da história de vida, das fantasias, dos sonhos, e até na postura corporal.
Apesar de se caracterizar como uma das maiores buscas do ser humano, o relacionamento amoroso parece ser, paradoxalmente, um de seus maiores temores.
Para amar em sua plenitude, você deve estar em estado de amor. Deve compreender que antes de amar outra pessoa, você precisa amar a si mesmo, isso não implica em ser egoísta, amar a si mesmo não significa pensar só em você. Você deve ter a capacidade de auto-satisfação de suas necessidades emocionais, como aceitação, valorização, proteção e confirmação, o que minimiza as necessidades e os desejos em relação ao outro.
Torna-se inconcebível a manifestação do estado amoroso num indivíduo dependente do outro, emocionalmente imaturo, ou bloqueado seriamente em seu processo de crescimento. Contudo, esse mesmo indivíduo será capaz de estabelecer relações de natureza simbiótica e não amorosa pois, em geral, transforma o outro em "objeto" de satisfação de suas necessidades emocionais básicas. Não faça isso, não coloque esse peso e responsabilidade sobre o outro. Você deve conseguir ser feliz independente do outro.
O estado de amor determina a maneira como nos relacionamos com a vida em geral, desde o cuidado com uma planta, com um animal de estimação, até a gentileza e o respeito por um estranho. Torna-se inconcebível um indivíduo em estado de amor conseguir apenas manifestar atitudes amorosas em relação aos próximos e agir com indiferença, desprezo ou desrespeito em suas relações mais distantes e superficiais.
O estado de ser amoroso envolve um sentimento de bem querer à vida e aos outros seres humanos. Obviamente, as relações diferenciam-se, dependendo do nível de envolvimento, da profundidade e da identificação entre os indivíduos. O amor não é algo que fazemos, mas algo que somos, ele não é fazer, é um estado de ser.
A pessoa amorosa não somente vê os traços e características essenciais da pessoa amada, como também vê o que está em potencial nela, o que não se concretizou ainda, mas que, contudo, deveria ser concretizado. Ao tornar a pessoa amada consciente do que pode ser, a pessoa amorosa faz com que essas potencialidades se concretizem.
Para ser capaz de amar, é necessário que a pessoa saiba também aproximar-se e afastar-se de outros com fluidez. O indivíduo que tem dificuldade de se aproximar, não discrimina suas necessidades e fica impedido de concentrar-se, de estar presente, realizar-se aqui e agora, e fazer bom contato com outros.
Nas próximas seis postagens eu falarei um pouco sobre seis distúrbios relacionados a dificuldades para o amor (Introjeção, Projeção, Confluência, Retroflexão, Proflexão e Deflexão). E logo depois, irei postar as camadas da neurose e o resgate do potencial amoroso.
Bibliografia
: Para os que querem mais informações sobre o assunto, recomendo o livro Amor na Relação Terapêutica - Uma Visão Gestáltica escrito por Beatriz Helena Paranhos Cardella.